18 de janeiro de 2012

O Sonho

Nas asas da noite me entreguei, 
E ao abrir meus olhos para o mundo de dentro, 
Eu então sonhei. 
Estava em um bosque com árvores imensas, 
Cujas copas eu não enxergava, de tão altas que elas eram. 
Ou seria eu com uma altura tão pequena? 
O bosque reluzia uma luz tão dourada, mágica, 
E não parecia ser do sol, e nem sequer o sol era visto. 
A luz vinha de outro lugar, 
Desconhecido, místico. 
Só, eu não me encontrava. 
Dois seres feéricos me acompanhavam. 
Um belo rapaz e uma dama encantada, 
E vestidos de verde eles estavam. 
Eles disseram-me coisas que não lembro mais, 
Ficaram guardadas na memória da alma, 
E o que reinava ali era essencialmente a paz. 
Folhas caídas no chão formavam um lindo tapete. 
A luz dourada era o doce alento dos nossos corações. 
As árvores altas e sagradas eram as paredes, 
De um templo que ressoam ainda hoje em antigas canções. 
Como uma brisa, eu lentamente despertei, 
E antes de abrir os olhos uma voz sussurrou em meu ouvido: 
Daronae, Daronae, Daronae. 
E desde então Darona eu me chamei. 

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16 de janeiro de 2012

Minha jornada no Druidismo


Senti vontade de escrever sobre parte da minha jornada no caminho druídico. Acho que alguns irão se identificar com algumas coisas que vivi... afinal, estamos todos juntos na mesma barca... rs. Espero que minhas palavras sirvam de alento aos que estão começando e que encontram dificuldade nessa desafiadora e mágica jornada. Lembremos, o ferro para ser forte precisa ser muitas vezes golpeado na forja.

Nasci em 1988, numa família católica, durante os meses chuvosos de janeiro, sendo a do meio de três irmãs. Desde criança tenho um interesse por religião (de um ponto de vista mais universal, essencial) e espiritualidade. Sempre tive uma sede de conhecimento pelo mistério da vida e do universo. Lembro de estar frequentemente olhando pro céu noturno, observando as estrelas, a lua, como se ali residissem o mistério e as respostas de tudo. Também gostava de olhar e tocar as plantas, aprender seus nomes e se tinham alguma propriedade medicinal. Infelizmente, não tinha ninguém para me ensinar sobre as plantas e geralmente levava a dúvida pra casa... Desde criança tinha em mente que as plantas e também os animais possuíam alma, que sentiam dor, tinham sentimentos, e eram racionais sim. Rejeitava aquela ideia de que o homem era o único animal racional. Que ideia mentirosa. Quantas e quantas vezes testemunhamos atitudes de seres humanos absurdamente irracionais e cruéis. Enquanto vemos situações em que animais, cães, gatos, entre outros, agem com muito mais ‘humanidade’ do que o próprio ser humano.
O mundo para mim sempre foi mais do que me aparentava ser. Nunca acreditei que o mundo material era a única realidade existente. Haviam outros mundos paralelos a esse. O mundo dos sonhos, o mundo dos animais, o mundo das plantas, o mundo das fadas, o mundo dos que já morreram nesse mundo... todos se comunicando e interagindo, sem se sobrepor um ao outro.
Quando tinha entre 15 e 16 anos descobri a Wicca, através de um livreto em uma banca de revista. Identifiquei-me com aquelas ideias, e foi quando então adentrei num universo muito diferente do que me ensinavam na escola, igreja e em casa, mas ao mesmo tempo muito familiar. Foi quando entrei em contato com a mitologia celta, e entre um caldeirão de elementos, crenças e mitos de culturas diversas que a wicca é, tudo que se relacionava aos Celtas me chamava mais a atenção, e a alma.

Um certo dia, em dada hora da noite, tive uma experiência que me marcou profundamente, não lembro a idade que tinha, mas era ainda nessa faixa da adolescência, entre meus 16 e 17 anos. Estava no quarto, mudando de canal na televisão a fim de encontrar algum programa interessante, até que parei num canal cuja imagem não funcionava, a tela estava toda cinza e chuviscada, mas o som saia normalmente. Um grupo tocava uma música ao vivo. E aquela música... ah aquela música... eu conhecia... mas ao mesmo tempo nunca tinha ouvido. Uma melodia linda tocada por flautas, violinos e outros instrumentos que não sabia identificar na hora. Uma música que falou ao meu coração e despertou uma luz, uma lembrança em minha alma. Lembro-me de ficar pulando na cama, com os olhos lacrimejando e dizendo com súbita alegria e certeza “é celta, é celta! Essa música é celta!”. Nunca tinha ouvido música celta até então, mas de alguma forma eu sabia que era uma música desse estilo. Fui tomada por um misto de saudade, alegria e êxtase... Me acalmei e continuei ouvindo (ainda sem ver nenhuma imagem na tv) o grupo tocar mais uma outra música para então a apresentadora, antes de encerrar o programa, falar o nome do grupo e das últimas músicas que foram tocadas. O grupo era o Keltoi, um grupo brasileiro por sinal. Assim que terminou o programa, desliguei a tv e fui ao computador procurar na internet (essa maravilhosa invenção) alguma coisa sobre o grupo musical. E encontrei, alguns sites e músicas para baixar, dentre elas estava aquela que tocara meu coração, a Yew Tree. Foi por essa época que “descobri” o Druidismo e a cultura celta com um pouco mais de profundidade.

Por volta dos meus 18 anos percebi que a Wicca não era meu caminho, e sim o Druidismo. De certa forma, acredito que eu já estava no Druidismo antes de entrar ‘oficialmente’ nele, acho que antes mesmo de vir a esta vida já pertencia a esse caminho...
Quanto mais estudava em livros e em sites específicos (principalmente em sites, pois livros em português ainda são poucos) na internet sobre Druidismo e cultura celta, mais eu tinha consciência que estava no caminho certo, no meu caminho, mais eu tinha a sensação de estar “voltando pra casa”, mesmo que minha família não entendesse meu caminho... Pois é, sofri bastante com o preconceito e intolerância por parte de alguns parentes que não compreendiam minha escolha, que não aceitavam meu jeito de ser. Geralmente tinha que esconder os livros, os objetos que usava em meditações e rituais, e quando vinham à tona, quando eram descobertos, resultava em discussão e briga. 
Foi uma fase difícil da minha vida essa, viver entre pessoas que não me entendiam, que me julgavam, e que no mínimo me achavam estranha. Um peixe fora d’água, era o que me sentia. Um erro nascer nesse lugar, nessa família, era o que eu pensava. Por que não na Irlanda, na Escócia ou em qualquer outro lugar e com pessoas que compartilhavam de minhas crenças? , era o que eu me perguntava. Mas os Deuses são sábios e vivemos certas coisas para nos tornarmos fortes e aprender a virtude da paciência. Pois foi com paciência que superei a incompreensão de minha mãe, que no fundo sentia preocupação se sua filha estava lendo coisas boas e se estava tendo amizades com pessoas de bem... Ao perceberem que esse era meu jeito de ser e que as coisas que eu lia e acreditava me faziam bem, as discussões e o preconceito tiveram um fim. “Não há nada de errado afinal em acreditar em fadas, em meditar, em acender incensos, ouvir músicas de flauta e violino e tirar tarot ou essas pedrinhas que ela joga. Deixa ela, ela é assim mesmo”. Acho que era isso pensavam de mim rs.

Com o tempo fui sentindo uma solidão na minha jornada. Tinha vontade de fazer parte de um grupo druídico, mas não havia nenhum em Belém, nem encontrava ninguém que se interessasse pela cultura celta de fato. No começo isso me entristecia, mas depois me conformei e acreditei que se um dia encontrasse pessoas interessadas em formar um grupo de druidismo, eu encontraria no momento certo. E no fundo, eu não me sentia completamente sozinha, os Deuses estavam comigo, me guiando, protegendo e inspirando ao longo de toda essa jornada.
E eu fazia parte de um grupo sim, a família druídica brasileira. A internet me possibilitou conhecer pessoas que também seguiam o druidismo em diversos lugares do Brasil, e mesmo que eu nunca as tivesse visto pessoalmente, eu sentia que as conhecia. Ainda hoje converso com a maioria dessas pessoas que conheci no início de minha jornada, e que me ajudaram bastante, apontando caminhos, tirando dúvidas... Considero essas pessoas como minhas amigas, e tenho por cada uma delas um carinho imenso. Acho que essa é aliás uma característica especial do Druidismo no Brasil. Não somos muitos, como na Inglaterra, Irlanda e EUA, mas talvez por sermos poucos é que somos mais unidos, sentimo-nos como uma família de amigos e irmãos. Claro, de vez em quando tem discussões e desentendimentos entre druidas e druidistas, mas é normal. Basta juntar dois ou mais seres humanos pra qualquer hora dessas rolar uma discussão, muitas vezes saudável. De qualquer forma, o respeito prevalece, ou deve prevalecer, em toda e qualquer relação.

Em 2011 muitas coisas aconteceram que marcaram definitivamente minha jornada no Druidismo. Finalmente encontrei pessoas de Belém que se interessavam e estudavam a cultura e espiritualidade celta, e tivemos a iniciativa de criar um grupo, o Nemeton Samaúma. O grupo é uma semente e ainda está fortalecendo suas raízes, temos muito a aprender e muito a crescer.
No ano de 2011 foi quando participei do II Encontro Brasileiro de Druidismo e Reconstrucionismo Celta. Em três dias vivi momentos que jamais vou esquecer. Conheci pessoalmente meus amigos de caminho, que há tanto tempo conversava por meio da internet, mas nunca sequer tinha ouvido suas vozes ou visto o brilho de seus olhos. Ao vê-los, reconheci como irmãos e irmãs que há muito não via. Eu realizei um sonho. Conheci pessoas que compartilhavam de minhas crenças, que gostavam do mesmo estilo de música que eu, que viam o mundo com olhos semelhantes aos meus. Sentei ao redor de uma calorosa fogueira, bebi hidromel, ouvi lindas melodias de harpa, flautas e bódhrans, dancei em círculo com irmãos de alma, cantei aos Deuses do Céu, da Terra e do Mar com druidas e druidesas. Eu vivi um sonho. Que aliás, espero viver de novo esse ano no III EBDRC.
Hoje, aos quase 24 anos, sigo estudando e vivenciando o Druidismo, a cada dia aprendendo novas e antigas coisas, navegando entre águas ancestrais, brumas místicas e vozes amigas, sendo guiada pelos Deuses e Deusas, e em especial por minha senhora, Brighid.
Há certas coisas, muitas coisas, que eu não sei. Não sei se continuarei morando em Belém, não sei como será o futuro do Nemeton Samaúma, não sei por que as fadas e espíritos da natureza não são visíveis aos olhos humanos (já pensou? seria tão bom se fossem!). O que eu sei, do fundo da minha alma, com a força dos meus ossos, é que o Druidismo é o meu caminho e que os Deuses, meus Ancestrais e minha Tribo são minha fortaleza, e pretendo honrá-los em cada passo dessa e de outras jornadas. E se esse for o meu destino, que assim seja e assim se faça.

Bendito seja o caminho que nos leva ao encontro dos Deuses.
Bendita seja a Natureza, a guia e mestra de todos os que buscam a sabedoria.
Benditos sejam todos aqueles que trilharam e trilham o Druidismo,
que possamos aprender com os Antigos e deixar boas sementes aos nossos filhos.




15 de janeiro de 2012

Benção de despedida

Que o caminho seja brando ao teus pés
Que o vento sopre leve em teus ombros
Que o sol brilhe cálido em tua face
Que as chuvas caiam serenas em teus campos
E até que eu de novo de veja
Que os Deuses te guardem nas palmas de Suas Mãos.

10 de janeiro de 2012

Prece à Rigantona

(Courtney Davis art)

Como a terra é minha carne,
pedra os meus ossos,
cada erva é meu cabelo,
o mar meu sangue,
o Sol é minha pele,
minha alma a Lua,
as estrelas meus sentidos, minha razão as nuvens
e o vento é minha respiração.

Dentro de ti estou, dentro de mim estás,
ouve, ouve-me, ó Mãe, da minha alma eu te chamo!
Sou o eterno Rei dos Elementos,
a Águia da Árvore Sagrada
e o Senhor da Roda.
Ó Mãe, Filha, Esposa, Grande Rainha!
És a Vida do Mundo que em mim existe,
Santíssima Epona, Ancestral de deuses e homens.


(Por Bellovesos).

Prece para acender o Fogo Sagrado

"Eu construo meu fogo hoje
na presença dos Deuses Sagrados do Céu.
na presença de Brigid da forma bonita
na presença de Lugh de todas as belezas
sem ódio, sem inveja, sem ciúmes,
sem medo ou horror de ninguém sob o sol
porque meu refúgio é a Mãe Sagrada.
Ó Deuses, acendam o fogo de amor dentro do meu coração,
por meus inimigos, por meus parentes, por meus amigos
pelo sábio, o ignorante, e o escravo
da coisa mais humilde
até o nome mais alto."


Meditação dos Três Mundos

Visualize a Terra, verde, pulsante, fértil, suas florestas, bosques, campos, colinas, cavernas profundas...  Sinta a Terra sob os pés. Diga:

A terra que me sustenta
A terra em mim
A terra que me rodeia,
an Talamh.

Visualize o Mar, em tons de azul e verde, ouça o barulho das ondas, como se fosse uma respiração, a respiração de Manannan mac Lir, sinta a brisa marinha acariciando seu rosto, seu cabelo... Sinta-se mergulhando no Mar, em águas sagradas. Diga:

O mar que me cerca
O mar em mim
O mar que me rodeia,
an Muir.

Visualize o Céu, a luz do sol iluminando toda a extensão da terra, veja as nuvens, sinta o vento, veja a profusão de cores que pintam o céu... veja a lua, as estrelas, sinta-se banhado pelo luar e pela fresca e perfumada brisa da noite. Diga:

O céu que me coroa
O céu em mim
O céu que me rodeia,
an Neamh.

Respire fundo e lentamente. Visualize no centro de seu ser a união dos Três Mundos... o que você vê?

Prece à Brighid


Brighid do manto, rodeai-nos
Senhora dos cordeiros, protegei-nos
Defensora da lareira, iluminai-nos
Sob o vosso manto reuni-nos e restitui-nos a memória
Mãe das nossas Mães, antepassadas corajosas
Guiai nossas mãos nas vossas
Para acender a lareira, mantê-la viva, preservar a chama
Vossas mãos sobre as nossas, nossas mãos nas vossas
Para acender a luz tanto de dia como de noite
O manto de Brighid em torno de nós
A lembrança de Brighid dentro de nós
A proteção de Brighid livrando a nós
do mal, da crueldade e da ignorância
Neste dia e noite, do amanhecer ao anoitecer, do anoitecer ao amanhecer.
Assim seja.

* Antiga prece a Deusa Brighid, senhora do fogo, da fertilidade e da poesia.


A Canção de Amerghin


Sou um vento que cruza o mar,
Sou uma torrente que atravessa a planície,
Sou o rugido das marés,
Sou um cervo com sete pares de chifres,
Sou uma gota de orvalho derramada pelo sol,
Sou a ferocidade dos javalis,
Sou um falcão, meu ninho num despenhadeiro,
Sou um cúmulo de poesia (habilidade mágica),
Sou a mais bela entre as flores,
Sou o salmão da sabedoria,
Quem senão eu é tanto a árvore quanto o raio que a atinge?
Quem é o segredo escuro do dólmen ainda não derrubado?
Sou a rainha de toda colméia,
Sou o fogo em cada colina,
Sou o escudo sobre cada cabeça,
Sou a lança da batalha,
Sou a nona onda do eterno retorno,
Sou a sepultura de toda esperança fútil,
Quem conhece o caminho do sol, as fases da lua,
Quem reúne as divisões, encanta o mar,
Põe em ordem as montanhas, os rios, os povos?

* Canção proferida por Amerghin, druida dos Milesianos, no mar antes de aportar em Erin (Lebor Gabala Eiren, "Livro das Invasões da Irlanda").
**Tradução de Bellovesos.

Prece de abertura


Quem está a frente de mim?
Quem está atrás de mim?
Quem está abaixo de mim?
Ancestrais, os Deuses e minha Tribo.

Quem sustenta-me?
O poder do Três
O Mar, Terra e Céu.

(modificado do Carmina Gadelica)




Fonte: http://urthlvr.livejournal.com/517010.html

9 de janeiro de 2012

Nome, Palavra e Poder

"Um nome é mais que um nome, é um destino".


Ouvi esse provérbio enquanto assistia um documentário sobre a cultura e religião em Cuba. Achei mais que interessante. É profundamente verdadeiro. Lembrei imediatamente do mito de Cu Chullain, Taliesin, Llew Llaw Giffes e tantos outros que tem em seus nomes o destino e características pessoais impressas. Mesmo que algumas pessoas não acreditem, um nome diz muito sobre ela, seja esse nome o civil como também o religioso, que pode não ser o mesmo, principalmente nas tradições pagãs (como Druidismo, Wicca, Asatru...), e também na religião Hindu e na Hare Krishna.
O nome tanto diz sobre o seu portador, como também lhe dá alguns dons. Cu Chullain, o Cão de Cullan; Taliesin, da face brilhante; Llew Llaw Giffes, do braço longo ou do braço certeiro; Arianrhod, a Roda de Prata; Bran, Corvo; Morrighan, a Grande Rainha... Deuses e Deusas celtas cujos nomes nos falam de seus atributos e também de suas histórias, mitos.

Isso não é diferente dos nomes próprios comuns que conhecemos, como Talita, Maria, Pedro, Iara e tantos outros. Nomes são palavras, e palavras têm significado, que agrega não só uma ideia, mas toda uma realidade. Então, aquele antigo ditado que diz "a palavra tem poder", faz todo o sentido.
Os judeus e cristãos acreditam que Deus se fez em Verbo e o mundo foi criado. Os hindus creem que o universo surgiu da palavra primordial de Brahman, OM. Os irlandeses acreditam que o mundo nasceu e é uma grande canção, a Oran Mor. A palavra que carrega som e intenção, cria realidades. Um outro ditado nos diz para termos cuidado com o que pedimos, pois nosso desejo pode ser realizado. 
Tudo isso para mim liga diretamente a palavra com pensamento, o pensamento com intenção, a intenção com criação. E isso é poder. Isso é magia. Um sábio entende a verdade contida nessa relação.
Essas coisas me fazem refletir sobre a qualidade das palavras que proferimos e que ouvimos ao longo de nossa vida. Já parou pra pensar no que você escuta? A música, as notícias de jornais, a fala das pessoas que te rodeiam... Quanto lixo a gente escuta, e às vezes sem perceber, isso nos causa um mal... emocional, mental, físico e espiritual.

Em nossa sociedade infelizmente ainda prevalece uma cultura de violência ao invés de uma cultura de paz. Por que nos jornais as notícias são na maioria sobre violência e crime? Por que raramente vemos uma matéria sobre bons projetos sociais, culturais? Por que quase não vemos notícias de heróis e heroínas? E quase sempre são os vilões que ganham notoriedade? 
Semelhante atrai semelhante. Acredito nessa máxima. Parece que quanto mais vemos notícias ruins, mais coisas ruins acontecem. Como se fosse uma cadeia de ações se reproduzindo. E se (ou)víssemos mais coisas boas, notícias boas, projetos e ideais sociais, pessoas que realmente fazem a diferença? Será que isso estimularia que mais coisas boas acontecessem? Com certeza.

Há alguns anos um grupo de cientistas desenvolveu a partir de uma experiência com macacos a Teoria do Campo Mórfico, que diz que quando um número crítico de indivíduos alcança determinada forma de pensar e agir, uma mudança acontece e uma nova era se inicia. 
De uns anos para cá temos ouvido e visto tanta besteira na televisão, nas ruas, rádios, escolas, que já nem sabemos o que é importante e verdadeiro. São poucos os que honram uma promessa, honram sua palavra. Poucos falam e agem com verdade. As pessoas costumam valorizar mais o Ter do que o Ser.

Precisamos aprender e estimular os que estão a nossa volta a serem de fato verdadeiros, consigo mesmo e com o mundo. Precisamos entender que quando morrermos não levaremos nossas riquezas, carros, casas e dinheiro. Seremos lembrados pelo que dizemos, fizemos e fomos em vida. Precisamos estabelecer uma relação de respeito e harmonia com as outras pessoas, os outros animais e a natureza como um todo, pois nós somos parte dela. Concordo plenamente com L. Boff quando diz que estamos NA Terra, não sobre ela. 
Nossas palavras devem ser encaradas como orações, nossas vozes como ecos de nossa alma, que tocam outras pessoas, outras almas... O que dizemos não só é ouvido por outras pessoas, é levado pelo ar e pode ser ouvido pelos Deuses.
Pense um pouco agora. Que palavras costumam sair de sua boca? Que intenção acompanha essas palavras? Você percebe como elas te afetam? E como afetam o que e quem está a sua volta? 
Agora pense que tipo de palavras e coisas você poderia dizer a partir de hoje? Palavras positivas, sábias e verdadeiras, que façam bem a você e aos que te escutam. Palavras desencadeiam pensamentos, que resultam em ações. Pelo menos é assim que geralmente acontece. E é assim que acredito. 

“Quatro elementos da sabedoria: 
paciência, docilidade, sobriedade, polidez no falar, 
pois toda pessoa paciente é inteligente e toda pessoa dócil é sábia 
e toda pessoa sóbria é generosa e toda pessoa que fala com polidez é tratável” (tríade irlandesa).